Para meus seguidores

“Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre.”

“A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa.”

“Poder é infligir dor e humilhação. Poder é estraçalhar a mente humana e depois juntar outra vez os pedaços, dando-lhes a forma que você quiser.”

“O Grande Irmão está de olho em você.”

Começo esse texto com quatro frases de 1984, obra contundente de George Orwell que há muito tempo já entrou para o rol da ficção científica e suas premonições do futuro. Se você não leu, aconselho que leia, talvez seria melhor começar com “A Revolução dos Bichos”, outro livro fenomenal do Orwell. Bom, o que faz um escritor? Parece óbvio dizer que ele escreve. Então vamos dizer mais: além de escrever, ele conversa com seus leitores interagindo com eles. Ele expressa suas emoções, sentimentos, indignações e revoltas em palavras. É o sujeito das palavras. Fazer um escritor se calar ou tirar dele o seu direito a se expressar livremente é como amarrar um chef de cozinha e colocá-lo diante do fogão aceso vendo a comida queimar na panela.

Fui banida novamente por 7 dias da rede social do Mark Zuckerberg. Contestei como tantas vezes, mas nunca há uma resposta pessoal. Só responderam que eu não tinha razão e meu “crime”: discurso de ódio. O post era no meu grupo PRIVADO sobre uma série de televisão chamada Arquivo X, do qual escrevo fanfics e eu, como tantos fãs, costumamos zoar com o criador da série pelas tantas coisas que ele nos fez sofrer e citei a frase de um episódio “odeia ele, odeia ele” que se tornou uma piada entre os fãs, porque na verdade, nós todos amamos o cara por nos ter dado uma das melhores séries de televisão de todos os tempos.

Para mim, uma piada entre amigos. Para eles, discurso de ódio. Pois bem, vamos falar dessas políticas, desse discurso de ódio, coisa que algoritmos e robôs caçam o dia todo a cada post seu na dita rede. Eu não posso fazer piadas. Se eu chamar alguém de boiola, chamar pão francês de cacetinho e citar uma frase de filme ou série, eu sou banida e considerada uma marginal perigosa que deve ser afastada imediatamente do convívio da rede social pelo número de dias que eles decidiram. Juiz, carrasco e executor num só papel e de acordo com as leis deles sem direito a defesa, até porque clicar no “discordar da decisão” nunca funciona, pois eles “não erram”. Agora se eu colocar foto no perfil ou nos stories de mulheres seminuas, se eu xingar político e ficar de briga partidária, ou se ofender uma pessoa ou artista publicamente pela sua cor, gênero ou religião… Pode! Como??? Não sei, mas canso de ver celebridades na TV reclamando de fãs psicóticos e palavrões, de ver posts de meus amigos gays lamentando que foram ofendidos pessoalmente em seus perfis, de pessoas que são ridicularizadas por suas crenças. Pessoas comuns abordadas por perfis fakes em tentativas de extorsão, golpistas, aliciadores, gente se passando por quem não é e criança se passando por adulto. Perfis de presidiários pode, posts compartilhando locais de festas no meio da pandemia pode, membros de quadrilhas de tráfico de drogas e bandidos podem. Tudo isso não viola os padrões da comunidade e as tais políticas.

Estamos numa ditadura das mídias sociais. Elas precisam de usuários e os usuários desconhecem que são eles quem dão o poder delas existirem. E quem precisa divulgar seu trabalho é obrigado a estar nelas e ter que aceitar esses absurdos para poder mostrar seu trabalho. Ah, sim, eles checam o seu navegador, porque quando você limpa o histórico e tenta entrar por outro navegador, eles bloqueiam sua entrada com uma mensagem dizendo que não reconhecem seu navegador. Bom, se eles não reconhecem é porque conhecem? Claro que sim, esses gigantes monitoram seu comportamento na internet, seus contatos, suas buscas, tudo para oferecer os produtos que podem empurrar pra você comprar, aí que está o lucro, nos anúncios. E quando pedem foto pra provar se é você? Vazamento de dados não é novidade, porque eles colhem todos os seus dados enquanto você fica lá curtindo inocentemente alguma coisa sem sequer imaginar que está sendo rastreado.

Não estou falando nenhuma novidade para alguns poucos usuários mais espertos. Criadores de conteúdo como eu, vivenciam eternamente a dor de cabeça e os problemas que enfrentamos para garantir a exposição justa do nosso trabalho e da nossa imagem como pessoa pública. Há uma discussão enorme sobre o imenso poder que é dado a esses conglomerados da internet, que fazem cartéis de redes sociais descaradamente e os debates e preocupações são vários entre os especialistas da área. As perguntas são muitas: Quem vigia quem nos vigia? Que lei eles seguem, as suas próprias de empresas privadas? Onde há o respeito ao direito de cada cidadão garantido pela Carta Magna de cada país e dentro de cada país, respeitando a diferença entre culturas e povos?

Pode parecer uma piada para alguns, mas isso afeta profundamente a minha auto-estima e a minha imagem pública. Sete dias? Bom, sete dias venceram ontem, mas na verdade e sem aviso algum ao tentar publicar nas minhas páginas e no grupo hoje, eu descobri que não posso fazer isso até 15 de julho! Só consigo publicar no meu perfil pessoal, o que não me adianta nada, então parece proposital vetar o meu acesso ao meu trabalho nas páginas. E eu tenho um trabalho todo na web, além de escrever fanfics, eu escrevo outras coisas e faço revisão gramatical para clientes. Eu sou uma pessoa pública. E isso afeta a minha imagem pública quando não respondo os posts e comentários dos meus leitores e nem posto nada em minhas páginas. É como ter uma loja, o cliente pergunta o preço de tal coisa e eu levo um mês pra responder. Não parece um descaso pra você que é consumidor? Você não vai adiante procurar em outra loja já que eu não respondo pra você? Pois então, eu posso não vender produtos diretamente, mas eu vendo a minha imagem de escritora que vai fazer você comprar ou não os meus livros e consumir minhas histórias gratuitas. Como qualquer artista que vende sua imagem. E como posso avisar, se não por terceiros, que estou bloqueada e não posso responder? Ah mas por quê bloqueada? Se foi bloqueada deve ter sido sério. Entendem? E não foi sério. Foi mais uma palhaçada.

Eu mantenho duas páginas, uma da escritora que sou e outra por hobbie, sobre um ator favorito. E o bloqueio veio justamente na semana em que planejei fazer posts diários dele para seus fãs por conta do seu aniversário e se não fosse por um amigo, todo o meu trabalho teria sido perdido. Ou seja: eu fiz a festa, ralei nos convites, na decoração, nos quitutes e não pude participar! E nem estou falando da página da escritora, abandonada, sem publicações, sem spoilers do que estou escrevendo e com as pessoas esperando e sem saber o que aconteceu. Tudo por causa de políticas que ao meu ver estão muito, mas muito erradas. Não vou deletar minhas páginas e perder todo o meu trabalho de anos, mas vou passar para outras pessoas administrarem, caso me expulsem. Estou realmente chocada, deprimida e aborrecida com tudo isso. Vou continuar com o meu perfil pessoal, mas infelizmente venho dizer a vocês que não vou mais interagir postando ou conversando. Vou me limitar a página da escritora, pois meu perfil afeta minhas páginas. E nas páginas e grupo eu vou continuar postando fotos, spoilers, lendo os comentários, colocando um emoticon ou uma figurinha, mas não vou mais falar nada que não seja uma resposta direta. E nos grupos e páginas que frequento, também vou parar de interagir muito. Medo? Sim, estou com medo de escrever qualquer palavra ali, de responder a um amigo ou parente e vir a ser bloqueada e ter todo o meu trabalho jogado fora porque pode ferir as políticas deles, mas a minha vida pode ser ferida sem problemas. Me sinto acuada. Infelizmente, esse é o preço que vou pagar para que vocês e eu possamos continuar tendo as páginas e espero que vocês demonstrem o apoio curtindo os posts e as minhas páginas, essa vai ser a maneira que terei de saber se meu sacrifício valeu a pena. E vou ter que fazer isso, porque na próxima, vocês não terão mais página alguma comigo e muito menos a minha presença. Esse foi o aviso agora:

Portanto, infelizmente não é mais uma piada da Lara, isso é sério demais. Não estranhem meu silêncio. Eu continuarei publicando aqui no WordPress todos os meus textos. E também estou no MeWe, uma rede social livre, sem algoritmos de perseguição e publicidade enchendo meu feed de notícias que me fazem perder até posts sobre a morte de algum parente ou amigo e coisas que realmente me importam que são as pessoas e não o consumo de produtos. Lá eu posso escrever livremente sobre as coisas que acredito e defendo, como liberdade de expressão, direitos iguais, luta contra todo o tipo de tirania e preconceito. Eu posso ser eu mesma, livre, fazendo minhas piadas e dando risadas. Sem ser acusada falsamente por “discurso de ódio”. Eu sou uma pacifista, uma artista e não uma criminosa. Espero que as pessoas comecem a perceber que existem outras redes sociais mais abertas e aos poucos comecem a parar de frequentar apenas os monopólios. Isso vai ajudar os criadores de conteúdo a terem sua liberdade de volta e as pessoas a terem sua verdadeira liberdade sem usarem seus dados como troca por “serviços gratuitos” de rede social.

Fiquem com Deus. Amo vocês! E por favor, não comentem os posts do WordPress pelo face, eu não vou poder responder. Comentem diretamente aqui na plataforma. Porque a censura agora chegou ao ponto limite.

Lara One

* Você é criador de conteúdo e já sofreu com essas coisas? Eu gostaria de saber e publicar a sua história. Entre em contato comigo.

Publicado por Lara One

Escritora, autora e roteirista. Writer, author and screenwriter. Escritor, autor y guionista.

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